Esse texto foi escrito originalmente para o primeiro blog que tive.
A 2 anos atrás eu me preparava para receber Maria Antônia. Lembro até hoje que acordei indisposta e triste. Minha gestação já tinha passado de 41 semanas e pelo protocolo eu deveria ter ido para a indução há 3 dias. Mas com aval da Dra eu esperei até 41+3.
Eu não queria indução! Queria que ela viesse no tempo dela. Queria um parto normal, pelos benefícios pra mim e pra ela. Tinha lido muito, sabia exatamente em pé estávamos e meu coração estava triste de ir contra tantas coisas que eu acreditava e almejava. Ao mesmo tempo eu parava e pensava que nem sempre as coisas são como gostaríamos. E mentalizava o bem para nós duas independente do que fosse acontecer.
Ronald, muito atento, percebeu minha tristeza e abatimento e tentou me animar o dia todo! E ao final do dia me chamou para fazermos umas fotos no Parque Ipanema em Ipatinga.

Vesti um roupa confortável e fui… Eu e minha barriga enorme! É… Fui pro parque tirar fotos… sempre fui uma mulher de coragem! Rsrsrs… Chegamos lá, tentamos umas fotos, mas eu tava me sentindo pesada demais. Não era normal aquilo! Cada perna pesava uns 100 kg! Eu andava com dificuldade, lenta, estranha.
Nas fotos, meu nariz estava enorme, meus braços e mãos inchados. Mais tarde os pés também ficariam inchados. O dia não passou… O dia se arrastou lento demais pra quem espera!
A noite chegou e eu já não sabia o que fazer com aquela angústia! Era um sentimento de medo, alegria, felicidade e tristeza! Aquilo me enchia de tal forma que quando fui tomar banho eu transbordei! E assim sendo, chorei litros de lágrimas frustradas e aliviadas, pois no dia seguinte, indiscutivelmente, eu veria o rosto da melhor pessoa no mundo!
A indução do parto me dava medo, porque quando não dá certo ela te leva a uma cesárea de emergência. E eu não queria passar por uma cirurgia. Mas com a iminência de passar por uma eu resolvi conversar com MA e explicar tudo que estava acontecendo!
Sim, conversei com a barriga! Expliquei tudo que ia acontecer passo a passo. Disse que ficaríamos bem e que nos veríamos pela primeira vez no dia seguinte! E que ia ser lindo! Sai daquele banho com as emoções no lugar e fui dormir. Mas não dormi… As 4:00 da manhã despertei…. começava ali minha viagem pelo parto natural!

Acordei as 4:00hrs da manhã com uma dor de barriga chata. Levantei e fui ao banheiro. Nada! Eu estava cansada e ansiosa e essa dor de barriga não passava. Essa cena se repetiu por pelo menos 4 vezes e de repente pensei: Gente, acho que estou em trabalho de parto! Sentei na sala, acessei o app contador de contrações e medi… 7,5 minutos em 7,5 minutos. Realmente era trabalho de parto e estava avançando…
Chamei Ronald e disse que iríamos mais cedo para o hospital. Mas que eu iria tomar um banho. Eu era só alegria! Meu corpo estava funcionando como eu desejava e minha filha estava vindo no tempo dela!
Chegamos ao hospital e fizemos todo o protocolo de entrada. Após exames fui para o pré-parto. Devia ser umas 9:00 da manhã, talvez mais. Sala muito fria e pequena, mas tá bom! A dra veio e disse que não faria indução por que eu estava em trabalho de parto com bom desenvolvimento. Ótimo!

Agachei algumas vezes, fiz alguns exercícios para ajudar na descida do bebê, mas o frio tava demais. O ar condicionado do pré-parto estava no modo polar, porque não tem lógica! As contrações começar a ficar mais doloridas e resolvi deitar.

Tô lá deitada, curtindo minhas contrações. Até então doloridas, mas muito suportáveis. Fiquei pensando como a experiência do parto é única para cada mulher, pois eu imaginava contrações muito piores.

Por isso, temos que parar de falar para as mulheres grávidas ou tentantes que o parto normal dói demais. O parto normal é uma experiência impar e vai variar para cada mulher. Minha contribuição é: Não escute opiniões, tenha sua própria experiência! Vá com medo, mas vá com determinação também! Não tenha receio da dor, a contração é a dor da vida e cada vez que vem é uma a menos para ter o bebê nos braços. Como comparar isso a qualquer outra dor na vida? Como desmerecer, encher de mitos, amendrontar uma dor que só nos enche de vida?
Enfim….
Tô lá de boas e de repente um ploc. Lá dentro da barriga e a bolsa estourou! falei com meu marido para me ajudar a levantar e a próxima contração foi a primeira realmente dolorida!! Olha a foto:

Falei com meu marido que a dor tava demais e que era pra chamar a enfermeira. Ela veio, pediu pra fazer o toque e disse que estava com 6 de dilatação. Pensei: PQP!!! Se demorar mais 1 hora com essa dor não aguento, vou pedir uma cesariana!
Na sequência vem a médica e faz outro toque e me fala que eu estava não era com 6 e sim 9 de dilatação e que era pra ir para o chuveiro, pois ia chamar o anestesista, que eu tinha pedido pelo menos umas 10 vezes. É… eu tava arregando!! kkkkkkkkkkkk… Mas fui pro banheiro tomar uma ducha quente pra ajudar a dilatar o ultimo centímetro.
Entrei no chuveiro e o alivio foi instantâneo. Mas na próxima contração eu agachei até o chão quase…. típica bailarina do É o tchan! Descendo na boquinha da garrafa, senti aquela vontade louca de fazer força. A enfermeira vem e constata: Ela está nascendo!
Saí do chuveiro correndo (kkkkkk…. só que não) e fui pro pré-parto de novo. A dra chega com o anestesista e ele é dispensado, porque, como disse a dra para o meu marido: ” Tá vendo isso aqui? É a cabeça da sua filha!”
Resumindo: Do pré-parto fui para sala de emergência ao lado, pois não tinha como ir para o centro cirúrgico. Ali mesmo, com duas forças Maria Antônia nasceu a jato! Sem anestesia, sem interferências e sem episiotomia. Veio para o meu colo, mas teve que sair as pressas, pois o ar condicionado estava muito frio para um recém nascido.

Levaram, enrolaram e trouxeram para o primeiro contato comigo. Abraços e beijos e afagos. Ela bem calminha! Colocamos no peito para sentir meu cheiro e incentivar a descida do leite. Ela é levada para exames e meu marido vai com ela. Não teve colírio de rotina, não permitimos. Teve vacina de vitamina K e outros procedimentos não invasivos, mas necessários.
Fiquei ali na emergência com a dra e as enfermeiras e pela primeira vez senti o maior sentimento de abandono e vazio da minha vida! Eu tava feliz, mas queria chorar por não poder ter ela nos braços. Depois de 40 minutos, eu já estava na recuperação, ela chega e aí sim eu pude ver cada detalhe que ela tinha. Pari uma bebê de 4060 kg e 50 cm. Tava toda me achando…. só no poder! kkkkkk…
E assim começou a nossa jornada pelo quarto trimestre (conhecido como exterogestação), pelo puerpério e pela vida agridoce de ser mãe!

Espero que tenham gostado desse relato, que mesmo 2 anos depois ainda estava cheio de oxitocina!