Oi Pessoal,
Recentemente eu comecei uma graduação em Educação Especial e quero compartilhar com vocês sobre alguns temas. Hoje vou falar sobre Altas Habilidades e Superdotação.
Quero deixar claro que aqui não me coloco como especialista na área e sim como estudante e pesquisadora sobre os temas da minha graduação.
Vamos lá?
Altas Habilidades/Superdotação na história
A terminologia (altas habilidades/superdotação) é uma grande polêmica, que aqui no Brasil remonta desde 1931, quando Leoni Kaseff (assistente técnico da Universidade do Rio de Janeiro e catedrático do Liceu Nilo Peçanha, relator do texto legislativo, marco da política pública e privada da época) criou o termo “super-normaes”.
Paralelamente o atendimento de crianças com altas habilidade/superdotação teve início em 1929 em MG, quando o Governo do estado convidou Helena Antipoff, psicóloga e pedagoga russa, para dar aulas de psicologia em BH.
Helena Antipoff foi precursora desse trabalho no país, implantando ideias inovadoras, desenvolvendo projetos e pesquisas na área. Foi Helena que primeiro usou o termo excepcionais que era usado para pessoas com deficiência e pessoas com inteligência acima da média.
Falarei mais sobre Helena em outro post.
Em 1971, a Lei 5692, que estabelece as diretrizes de reforma do Ensino de 1º e 2º graus, aborda pela primeira vez o termo superdotado e determina que esses indivíduos deveriam ter tratamento diferenciado.
Em 1972, o Brasil foi influenciado pelo Relatório Marland/USA, onde as AH/SD foram consideradas por uma perspectiva multidimensional e de múltiplas inteligências, suprimindo assim a ideia de que a inteligência está ligada ao QI.
No que diz respeito a terminologias específicas, não há concordância entre os especialistas. Alguns defendem a supressão do termo “superdotado” por considerarem elitista, outros usam o termo como definição para “talento”, outros usam “aprendizes capazes”.
O termo superdotação ficou sem alterações por 20 anos, embora a terminologia apresentasse diversas divergências e alguns autores usarem “altas habilidades”, “superdotação”, “talentos”, “bem-dotados”. Hoje sabe-se que o consenso é que altas habilidade e superdotação são a mesma coisa.
O que é Altas Habilidades/Superdotação?
Já sabemos que não existe um consenso sobre a nomenclatura. Mas vamos entender o que é de fato altas habilidades/ superdotação.
A maior dificuldade em definir AH/SD é que ela é muito associada a inteligência inata. Ou seja, a pessoa nasce inteligente e portanto vai ser boa em todas as coisas. E não é assim que funciona na prática.
Quando se fala em AH/SD muitas pessoas, inclusive alguns autores, acham que ela está ligada a linguística e à matemática, que são aspectos acadêmicos privilegiados na escola.
Mas a inteligência pode ser mais ampla que isso. Hoje há um entendimento que as AH/SD podem estar ligadas a alguma área que o indivíduo se sobressai sobre outros de mesma faixa etária.
Ao analisar diversos teóricos acerca do conceito de superdotação, entende-se que superdotado é a pessoa que apresenta potencial elevado. E dentro desse potencial, Ellen Winner, psicóloga americana, estabelece que devem ser analisadas três características:
- Precocidade: crianças que dominam conteúdos em uma faixa etária anterior à media. Que progridem mais rápido, pela facilidade de entender os conteúdos.
- Insistência em fazer coisas a seu modo: as crianças superdotadas precisam pouco do auxílio de adultos para desempenhar algumas tarefas e possuem habilidades de ensinar a si próprias e tem muita criatividade.
- Fúria por dominar: elas se sentem muito motivadas quando estão fazendo algo na área que tem interesse. Elas experimentam o estado de fluxo, ou seja, ficam engajadas no que fazer e perdem a noção do tempo.
Qual a definição aceita no Brasil e suas legislações?
A Política Nacional de Educação Especial apresentou em 1994, por meio do MEC, uma primeira definição de aluno com AH/SD, que se refere à uma criança com “notável desempenho e elevadas potencialidades em qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para artes e capacidade psicomotora”.
Aqui no Brasil, as crianças com AH/SD tem direitos garantidos pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que determina que seu público-alvo são as crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidade e superdotação.
Dessa forma elas tem direito a construção do PDI (Plano de Desenvolvimento Individual) escolar ou PEI (Plano Educacional Individualizado) para avaliação e acompanhamento do desenvolvimento e aprendizagem do aluno.
No âmbito federal O MEC tem os Núcleos de Atividades de Altas Habilidades e Superdotação (NAHHS) para atender todos os estudantes superdotados do país, trabalhando na criação de um cadastro nacional que reúna as principais informações sobre eles.
Bom, o tema é bem amplo e ainda não acabou! No próximo post eu continuo falando sobre AH/SD e vou trazer pra vocês as teorias sobre a inteligência feitos por alguns teóricos da área de Psicologia.
Não percam!
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