No último post comentei sobre a indicação da médica em ajustar os horários de dormir da Maria para que ela tenha mais qualidade no sono. Então resolvi falar um pouco sobre isso hoje.
Maria sempre teve dificuldades para dormir. Desde recém nascida era uma bebê que dormia tarde e tinha muita dificuldade de manter o sono. Acordava de 2 em 2 horas pra mamar e muitas vezes não voltava a dormir.
A privação de sono era alto surreal para mim. Eu simplesmente vivia cansada e mau humorada. Em desespero, eu seguia várias páginas sobre sono infantil e tentava todas as dicas possíveis. Algumas eu não fiz porque considerava tortura, mas o que era possível eu fiz.
A rotina para ter um sono melhor era desgastante também. Às 18:00h não tinha mais estímulo de brinquedos, eu apagava quase todas as luzes do apartamento, andava com ela no colo ninando e cantando, mas ela só dormia por volta das 21:00/ 22:00h.
E tivemos várias fases até hoje. Teve a época que dormia as 23:00h e acordava as 4:00h com gás total, a que dormia as 21:00h e acordava às 6:00h, a que dormia as 19:00h e acordava 5:30h e temos o hoje em dia que dorme por volta das 22:00h e acorda às 9:00h.
O fato é que em todas as fases ela sempre lutou muito para dormir. Quando falo que estamos iniciando a fase de banho e cama, como chamamos aqui, o caos se instala. Parece que o cérebro dá um click e ela tem as melhores ideias, as melhores brincadeiras, tá vendo o melhor programa e por aí vai.
Tem dia que dá certo, mas tem dia que não dá também! As vezes passa 1 ou 2 semanas dormindo mal e depois melhora. A verdade é que eu faço tudo que está ao meu alcance para que ela durma melhor, mas não depende somente de mim.
E também não é culpa dela. Maria não tem controle sobre esse processo. O cérebro autista funciona de forma diferente e se tem outros transtornos de desenvolvimento associados, pode piorar.
Para entender o porquê isso acontece, trouxe explicações teóricas para ajudar na compreensão.
“Há pesquisas que mostram que uma das causas para essa dificuldade é o fato de que quem tem o TEA pode apresentar alterações nos genes que regulam o ciclo circadiano. Ele funciona como uma espécie de “relógio” em nosso organismo. Sendo assim, o autista pode acordar diversas vezes durante à noite e ter dificuldade para pegar no sono novamente. Alguns podem dormir demais ou ter insônia.
Também há uma teoria que afirma que crianças com autismo têm alterações cerebrais que afetam sua capacidade de regular o sono. Crianças com autismo tendem a ter níveis desregulados de triptofano, que é um aminoácido envolvido na produção de melatonina.
Outra possibilidade presente dentre os distúrbios do sono no TEA tende a passar menos tempo em uma fase do sono conhecida como REM (Rapid Eye Movement ou “Movimento Rápido dos Olhos”, em português). Isso traz consequências negativas, já que o sono REM corresponde ao momento do sono restaurador, que é fundamental para o aprendizado e a retenção de memórias.
No caso de crianças dentro do espectro, estudos apontam que entre 44% e 86% delas têm dificuldades graves em dormir. Em relação a crianças neurotípicas, apenas 10% a 16% delas enfrentam problemas do tipo.
Além disso, os autistas podem ter dificuldades para interpretar corretamente as ações de seus irmãos, pais ou outros membros da família quando estão se preparando para dormir. Por isso, eles não percebem que já está na hora de dormir.
Outro fator que aumenta a dificuldade para dormir é a sensibilidade aumentada dos autistas. Por isso, sentem dificuldades de se acalmar e são propensos a serem mais atingidos por estímulos externos, como televisão, celulares e dispositivos eletrônicos.
Sabe-se que as crianças com autismo que dormem melhor à noite tendem a ter menos problemas comportamentais e interagem melhor socialmente. Uma noite mal dormida pode impactar na saúde física e mental. Isso ocorre porque o sono é importante para o nosso organismo, uma vez que é nesse momento que ocorre o reparo muscular, a consolidação da memória e a liberação de hormônios que regulam o crescimento e o apetite.“
Como vocês viram, esse processo de adormecer e manter o sono não é algo que o autista controla. Caso haja problemas extremos e que afetem a qualidade de vida da família é preciso buscar alternativas para auxiliar nessa situação.
Me contem nos comentários como é aí com vocês. Vamos reunir experiências e achar saídas!
Abraços,
Simone.
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Fontes de pesquisa:
Site Neuroconecta
Site Tismoo
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Quando bebê o Enzo me deu muito trabalho em relação ao sono. Acordava de madrugada e ficava quietinho olhando para o teto. Isso foi por um bom tempo, hoje dorme bem mas acorda bem cedo mesmo indo dormir tarde. Mas dormir a noite toda é vida
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