Esse assunto é extremamente sensível e divide opiniões onde quer que ele seja mencionado. Mas é preciso que a gente fale sobre esse assunto, pois manter isso apenas dentro das famílias tem trazido dúvidas, erros e preconceito.
É muito comum que educadores parentais critiquem o uso de medicamentos na infância, pois, de forma simplista, dizem que os pais medicam para terem mais tempo para si mesmos. E essa afirmação causa muita tristeza e revolta nas famílias de crianças atípicas e que precisam da medicação para ajudar o desenvolvimento dos filhos.
Uma criança autista ou TDAH (ou outra condição neurodiversa) que tem dificuldades de modular o comportamento, muitas vezes necessita de ajuda medicamentosa e ouvir que a introdução do medicamento é por capricho dos pais é extremante doloroso e capacitista.
Existem pessoas inclusive, que dizem que para melhorar o comportamento da criança é só mudar a rotina e colocar a criança para brincar e gastar energia. Pode ser que funcione? Pode ser. Mas para uma boa parcela não será suficiente.
Já vi em fóruns de maternidade, mães afirmarem que levaram os filhos em vários médicos até conseguirem um laudo e serem acusadas de forçar um diagnóstico em uma criança saudável (como se uma criança atípica não pudesse ser saudável). Mas a busca pelo diagnóstico nunca é apenas para ter acesso a medicação e sim para ter acesso a respostas e a tratamentos adequados.
Só nós sabemos como é difícil lidar com comportamentos que não entendemos e não sabemos lidar. Somos constantemente desacreditadas e desmerecidas em nossa maternidade justamente por considerarem que não sabemos o que é melhor para os nossos filhos. As dúvidas a respeito do desenvolvimento e comportamento dos filhos nos levam a procurar ajuda médica.
Então quando há a indicação de medicação, a maioria das famílias não vão questionar o médico que receitou (Porque somos uma sociedade que aprendeu a não contestar e não questionar uma indicação médica). Mas mesmo assim essa família será questionada se está fazendo a coisa certa. Interferências nesse processo não ajudam em nada! Questionamentos de terceiros acerca do propósito ou benefício só tiram a confiança da família!
Quem me acompanha sabe que eu sou muito a favor de que paciente e médico tenham um canal aberto para discussão de tratamentos. Para cuidarmos dos nossos filhos precisamos compreender os tratamentos indicados. Não é arrogância, não é ofensa. É cuidado!
Muitas vezes, não há esse diálogo e o resultado é que médicos entregam receitas nas mãos das famílias e as deixam decidir sobre administrar ou não os remédios prescritos. Psicoestimulantes, antidepressivos, antipsicóticos…. remédios vendidos com receita nas mãos de pessoas que muitas vezes sequer entendem como lidar com uma criança com diagnóstico. O contrário também acontece. Crianças que não tem o tratamento adequado, pois o médico não acha que o melhor caminho é a medicação.
Onde está o acompanhamento médico? Onde está o tratamento? Deixar a cargo da família a responsabilidade de dar ou não um remédio de fórmula controlada faz com que os tratamentos sejam banalizados e as consequências dos efeitos adversos sejam ignoradas.
O tratamento de uma pessoa atípica tem que ser mediado por vários profissionais e com acompanhamento da família. Nem somente um e nem somente outro, justamente porque as pessoas são atravessadas por diversas dificuldades e isso pode afetar a administração do medicamento. Por exemplo, uma família que tenha problemas em aceitar que o filho precisa do “remédio tarja preta” (psicofobia) pode negligenciar o tratamento não administrando o remédio ou uma família extremamente cansada e se sentindo sem saída pode dar o remédio sem avaliar outras possibilidades de tratamento.
Entendem como não é simples? Remédios controlados não podem ser escolha da família. Tem que ser parte de um tratamento que seja acompanhado por profissional responsável.
Quando se fala de medicalização da infância precisamos entender que existem crianças que precisam sim desse auxílio e que banalizar ou demonizar essa necessidade não é a melhor forma de lidar com a situação. E precisamos também considerar que em alguns casos a medicação não é a primeira opção, mas segue sendo administrada sem mediação médica.
Não tenho a intenção de afirmar ou apontar quem tem culpa ou não. Quero deixar claro que na minha visão tratamento medicamentoso tem que ser mediado por um profissional responsável e por uma família igualmente responsável.
É um trabalho de equipe!
Me digam o que vocês acham!
Um abraço 💜🐞
Simone Rocha
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Essa informação é mais que necessária para levantarmos o debate sobre a responsabilidade ser jogada para família. Muito esclarecedoras essas informações. Infelizmente somente as famílias que passam sabem como é esse processo