Durante a gravidez me falaram que amamentação era algo intuitivo e que se não desse para eu amamentar que tudo bem, nem toda mãe tem leite suficiente para o bebê.
Maria nasceu com 4060kg e pelo protocolo hospitalar eu deveria autorizar o teste de glicemia de 2 em 2 horas. Esse teste consiste em furar o pé do bebê e coletar o sangue para rastreio de hipoglicemia.
Eu não autorizei! Eu coloquei Maria no peito e esqueci do tempo. Ela dormia tempos curtos e eu colocava no peito de novo. Eu não dormi nesse dia. Eu fiquei basicamente as 24 horas de internação acordada amamentando e cuidando da Maria.
Em certo momento, Maria parecia recusar o peito e eu chamei a enfermeira para me auxiliar. Perguntei se poderia ser a pega ou se era algum outro desconforto. Ela, para me “ajudar”, apertou o bico do meu peito e a boca da Maria e fez um ir de encontro ao outro, batendo a boca da Maria em mim. Maria começou a chorar e eu senti uma dor imensa. E ali eu falei firme com ela que se fosse assim eu não precisava de ajuda. Ela assustou com minha “agressividade” e falou que queria me ajudar. Colocou a mão em mim e eu gritei bem alto: Tira a mão, não encosta em mim! E ela saiu do quarto com raiva.
Eu segui aplicando o pouco que sabia, pois li algumas coisas durante a gravidez. E Maria estava mamando bem. À noite uma outra enfermeira veio falar comigo. Disse que compreendia minha negativa do teste de hipoglicemia e que Maria não apresentava nenhum sinal de alerta. Mas que os médicos iriam usar qualquer coisa para segurar Maria internada. Eu fiquei chocada! E ela me pediu para eu autorizar uma mamadeira de complemento para garantir que Maria não teria nenhum problema na alta. Eu acabei cedendo. Ela deu a mamadeira. No dia seguinte tivemos alta e eu recebi uma receita de complemento para dar caso meu leite não sustentasse.
Minha filha não tinha 24 horas de vida e eu já entendi que amamentar não era intuitivo!
Perceberam quantas intervenções violentas nós tivemos? Como um bebê tem paz para aprender a mamar tendo o pé furado de 2 em 2 horas? Como a mãe tem paz sendo desrespeitada em suas escolhas e recebendo tratamento agressivo e desumano? Como a amamentação teria sucesso sendo que eles queriam dar leite artificial para minha filha a cada 3 horas, desconsiderando meus esforços para amamentar e enchendo a barriga dela de um leite que pesa muito mais que meu colostro?
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Ela saiu do hospital com uma chupeta que eu comprei, pois achei que era necessário. Tenho fotos! Rsrs… Mas no terceiro dia ela mudou a forma de sugar meu peito e começou a me machucar muito! Fez uma fissura que doía na alma!!! E conversando com uma prima, ela falou: “Joga fora! Sem medo de ser feliz!” E eu joguei. Maria corrigiu a pega, mas a fissura demorou muito a curar. Por baixo, demorou 1 mês para eu amamentar sem dor.
No segundo mês começou outro problema. Maria começou a recusar o peito, mamava e chorava. Tossia, engasgava, vomitava. Amamentar virou desespero pra mim! E eu comecei a perder a confiança.
Um dia, desesperada por não conseguir amamentar direito, eu corri no hospital e procurei a enfermeira que me ajudou quando Maria nasceu. Ela me colocou em uma sala e eu chorando falei que achava que não estava com leite suficiente. Ela pediu pra eu mostrar o peito pra ela e quando tirei o sutiã, meu leite esguichou no pé dela. Ela deu um pulinho e falou: “Menina! Você tem é leite demais!!” Me aconselhou a buscar uma consultora em amamentação.
Assim eu fiz. Procurei uma prima que é enfermeira e que trabalhou em banco de leite e ela me ensinou a manejar a hiperlactação. Isso mesmo, o que aconteceu comigo tem nome: hiperlactação. E ela leva muitas mulheres a desistir da amamentação, pois a falta de manejo correto faz o leite empedrar, causando inflamação e até mastite. Além disso, o risco de engasgo e vômitos aumenta, pois o leite sai com pressão e em excesso. E as duas coisas aconteceram com a Maria. Ela engasgou 3 vezes e vomitava com muita frequência pelo excesso de ingestão de leite.
Essa anja enfermeira me ensinou a preparar as mamas antes de oferecer, me ensinou a fazer uma massagem par ajudar e desempedrar o leite e me ensinou como auxiliar a cura do bico do peito rachado. Com tudo que me aconteceu eu estive por um fio para desistir de amamentar.
Amamentar não é intuitivo! É uma responsabilidade que precisa de estudo e ajuda para ter sucesso. Eu consegui perseverar por procurei ajuda logo no início. Fazer os ajustes e perceber as melhorias me fez ter tranquilidade para amamentar Maria até os 4 anos e 8 meses.
Por isso, se você está gravida ou é lactante, estude, busque uma consultora em amamentação, não acredite que você é incapaz. O mito do leite fraco ou insuficiente está incutido na nossa sociedade, mas pode ser diferente com você, se esse for o seu desejo.
A você, que não conseguiu amamentar o tempo que queria, não se sinta culpada. Existe toda uma engrenagem que contribuiu para o desmame precoce. Você não é culpada!
Um abraço!
Simone Rocha 🐞💜
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