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Coisas que aprendi sendo mãe de autista

Hoje quero trazer para vocês algumas coisas que aprendi após o diagnóstico da Maria.

Antes, eu não tinha uma rotina pré-determinada e nem entendia a necessidade disso. Confesso que achava até um pouco de excesso de controle.

Eu já estudava sobre comportamento infantil, mas muita coisa não funcionava bem com ela, porque todos os “macetes” e “dicas” nem sempre contemplam crianças neurodivergentes e por isso eu sempre sentia que estava errando em algo.

Maria era uma criança nervosa o tempo todo. Foi um bebê que chorava e exigia muito de mim. Quando foi crescendo ela passou a exigir menos, mas as “birras” eram maiores e cada vez por coisas mais simples.

Após o diagnóstico, quando entendi o que eu precisava mudar, tudo foi se acertando. O mais importante, na minha opinião, foi mudar o ambiente da casa para que ela tivesse calma o suficiente para absorver aprendizados. Iniciar essas estratégias nos permitiu criar um ambiente mais compreensivo e favorável para ela e ajudou no desenvolvimento e bem-estar.

Vou listar pontos que considero muito importantes e que deixo aqui tanto como uma reflexão quanto como uma direção para quem está se sentindo perdido.

Vamos lá!

Intervenção precoce

Quanto mais cedo iniciarem as intervenções, melhor. Terapias como a Análise Comportamental Aplicada (ABA), Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia podem ajudar a desenvolver habilidades sociais, de comunicação e motoras. Porém, sabemos os custos que tudo isso tem, então o ideal é iniciar pela maior dificuldade da criança. Mesmo sem diagnóstico definido, inicie pela maior dificuldade que a criança tem e vá avançando aos poucos.

Estrutura e rotina

Toda criança autista precisa de uma rotina diária estruturada. Manter horários consistentes para atividades, refeições e sono ajuda a reduzir a ansiedade e comportamentos desafiadores. A famosa previsibilidade é muito importante em todos os ambientes que a criança frequenta. E no caso de precisar levar em algum lugar desconhecido, explique com detalhes onde irão, o que farão, quem estará no local. Se possível mostre fotos e explique o que vão fazer. Isso ajuda a reduzir crises ou pelo menos atenuar.

Reforço positivo

Utilizar reforço positivo para incentivar comportamentos desejados. Pode ser com elogios, recompensas ou um sistema de pontos que a criança possa trocar por algo que ela goste. É muito comum algo funcionar por um tempo e depois parar. Isso acontece porque o autista vai crescendo e ganhando habilidades. Muitas vezes é necessário mudar as estratégias para alcançar objetivos semelhantes.

Comunicação visual

Crianças autistas normalmente tem muita dificuldade com o subjetivo, e por isso respondem bem a suportes visuais. Usar quadros de horários, pictogramas ou cartões de comunicação pode ajudar a criança a entender e seguir instruções, além de expressar suas necessidades.

Socialização gradual

Sempre que íamos a um lugar cheio de crianças a Maria se isolava e não interagia com ninguém. No parquinho, por exemplo, quando começava a encher ela chamava para ir embora. Um forma de facilitar oportunidades de socialização, é fazer encontros em pequenos grupos e em ambientes controlados. Isso pode incluir brincar com uma criança de cada vez ou participar de grupos de apoio e atividades projetadas para crianças autistas. Como por exemplo, terapia em dupla ou trio, para que as terapeutas ajudem no treino de socialização.

Foco nos interesses

Identificar e nutrir os interesses e pontos fortes da criança. Isso é muito importante, pois nem todo estímulo vai dar certo, só porque a criança é autista. É preciso entender o que motiva e o que interessa a cada criança. Isso pode ajudar a construir confiança e promover um aprendizado mais engajado e divertido. Lembrem-se sempre: são crianças autistas e não somente autistas. As terapias e treinamentos tem que ser lúdicas e prazerosas.

Colaboração com Profissionais

Trabalhar em estreita colaboração com professores, terapeutas e outros profissionais envolvidos no cuidado da criança. Comunicação aberta e troca de informações são cruciais para garantir que todas as necessidades da criança sejam atendidas. Meus maiores aprendizados foi escutando as terapeutas da minha filha. Nem sempre recebi uma devolutiva de forma tranquila. Às vezes a gente se sente julgada, não compreendida, parece que estamos errando. E a verdade é que às vezes estamos! Nós, mães e pais, sabemos lidar emocionalmente com nossos filhos, mas existem algumas coisas mais técnicas do comportamento que as terapeutas sabem mais. E elas são escolhidas para somar na nossa caminhada. Por isso existe o vínculo terapêutico com a criança e com a família. Confiem e ouçam as terapeutas!

“Ah, mas tem terapeuta que não é boa!”. Tem mesmo, e você é livre para trocar seu filho de terapeuta. Busque sempre o melhor para a criança!

Treinamento e Educação para os Pais

Eu nunca fiz treinamento de pais, porque não tive condições financeiras na época. Mas eu segui nas redes sociais muitos profissionais sérios e engajados com o autismo para entender e aprender. Se você pode, busque treinamentos e recursos que ajudem a entender melhor o autismo e como apoiar suas crianças de forma eficaz. Participar de grupos de apoio para pais também pode ser útil.

Ambiente Sensorial Adaptado

Algumas crianças autistas são sensíveis a estímulos sensoriais. Criar um ambiente calmo e adaptado às necessidades sensoriais da criança pode ajudar a evitar sobrecarga sensorial. Isso pode incluir o uso de fones de ouvido com cancelamento de ruído, iluminação suave e texturas confortáveis. Aqui em casa optamos por comprar um jump de academia para que Maria pudesse pular, pois essa era uma busca sensorial constante e pular direto no chão estava deixando ela com dor no calcanhar.

Cuidar de Si Mesmo

É essencial que os pais e mães cuidem de sua própria saúde física e mental. Isso inclui apoio emocional através de terapia ou rede de apoio familiar. Reservar tempo para atividades físicas, atividades relaxantes, passeios, tempo para si mesmo. Hoje em dia é muito comum o adoecimento, principalmente, das mães. Precisamos nos cuidar para conseguir cuidar dos nossos filhos.

Esses são alguns pontos que considero importantes dentro de tantos que poderiam ser citados. Espero que ajude vocês a pensarem e a conseguirem a inspiração necessária para fazer mudanças positivas na casa de vocês!

Um abraço, Simone.

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