Estava lendo o post que a Carla Mandolesi (@oautismoemnossasvidas) fez desmistificando sinais de autismo e lembrei de algo que até hoje é citado pelas pessoas quando comentam sobre o diagnóstico da Maria. Que é a tal da interação social. Muitas pessoas acham que ela não tem perdas nesse sentido.
Maria sempre conversou bem com adultos e com crianças menores que ela. E isso faz as pessoas pensarem que ela não tem prejuízo na interação social. Mas ela tem sim. E para vocês entenderem vou explicar brevemente o prejuízo que ela tem nessa área.
A interação social não é somente estabelecer um diálogo com alguém, é também fazer leituras de feições e comunicação não verbal. Ou seja, identificar gestos e expressões faciais e perceber sentimentos de outras pessoas. A Maria demonstra bastante dificuldade nessa área, apesar de estar melhorado muito com as terapias.
Outra coisa que prejudica a interação social são os problemas sensoriais. Maria tem dificuldade de ver crianças correndo ou fazendo muito barulho. Ela fica muito agitada e preocupada a ponto de não conseguir brincar e interagir.
E por fim o uso de linguagem adulta, rebuscada ou com entonação diferenciada devido à imitação. Ela tende a imitar a entonação de personagens ou até mesmo de outras crianças de convivência. Essa forma de se comunicar nem sempre é entendida pelas crianças da idade dela.
O fato dela conversar bem com adultos e assumir cuidados com crianças menores não quer dizer que ela tem domínio da interação social. Muito pelo contrário! Na escola me foi relatado que ao invés de brincar com os colegas, ela ficava conversando com as professoras no recreio. Se as professoras não conversavam, ela ficava sozinha.
Maria é receptiva, mas não tem iniciativa para chamar colegas para brincar. No ambiente familiar isso até acontece, porque ela tem intimidade com os primos. Mas ela começa a brincar e de repente some ou se afasta pra brincar sozinha. É uma forma de se regular.
É importante salientar que o que a gente vê na criança autista as vezes não condiz totalmente com a realidade. Principalmente nas meninas, que o masking (capacidade de mascarar características) é muito mais acentuado.
Me contem se já sabiam disso tudo que comentei ou como é aí na sua casa. Tem mais alguém parecido com Maria?
Abraços,
Simone Rocha