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Mãe, eu te amo, mesmo você sendo gorda

– Mãe, eu te amo muito, muito, muito…. Mesmo você sendo gorda!

Na hora eu ri, pois me pareceu engraçado. Mas minutos depois percebi que não era nada engraçado!

Entendam, meu espanto não foi por ter sido chamada de gorda, mas porque eu a fiz acreditar que ser gorda é ruim. Ela me ama, apesar de eu ser gorda!

Pausa para contextualização

Eu fui uma criança gordinha. Hoje, quando vejo minhas fotos nem acho tanto, mas na época eu era a gordinha que tinha primas “magras e bonitas”. Cresci achando que eu não era bonita suficiente, porque era cheinha, fofinha, gordinha. Aos 9 anos comecei a fazer dieta. Não era fácil, pois eu era criança e queria comer as coisas que as crianças da minha época comiam

Eu não era sedentária, brincávamos de futebol, vôlei, bente altas, queimada, subíamos em árvores, apostávamos corrida. Sempre tive bicicleta, corda pra pular, terreiro de pique pega. Eu nunca fui criança de ficar só dentro de casa. Então, a condição de ser gordinha não era porque só comia porcaria, era uma condição minha e que com pequenas adequações poderia se corrigir.

Fui crescendo sempre naquela inadequação estética e aos 17 anos tive um breve histórico de anorexia. Foram poucos meses e graças a atenção e cuidado dos meus pais, eu não tive maiores problemas. Mas devido a ela eu emagreci muito! Entrei no padrão aceitável! Era alta e magra. Meus ossos apareciam, que alegria! Mas eu não era feliz!

Assim que a vida de jovem foi passando e a vida adulta foi chegando, eu comecei a descontar na comida as frustrações. Em alguns anos eu havia engordado uns 15 kg. E quando engravidei já estava acima do peso. Passei a gravidez toda me sentindo enorrrrmeeee e algumas pessoas me lembravam disso diariamente com comentários: “Nossa, é só um mesmo?” “Mal te reconheci, você está muito inchada?”, “Seu bebê vai nascer uma jamanta!”, “Não come doce, porque você vai ter diabetes gestacional e isso é um perigo!”.

Quando minha filha nasceu eu perdi todos os meus kg adquiridos em 15 dias, mas alguns de antes ainda estão aqui. O que acontece é que as gorduras adquiridas na gravidez vão para lugares diferentes e apesar de estar mais magra que antes de engravidar, a barriga e o quadril estão maiores.

Todos os dias eu olho pra mim no espelho e rejeito esse corpo! Forte admitir isso né? E minha filha me vê todos os dias fazendo isso. E hoje ela quis que eu soubesse que ela me ama, mesmo eu não me amando!

Mas minha tristeza com isso vem de algo maior. Vem do fato de eu passar a imagem pra ela de que ser gordo é ruim. Que ser fora do padrão é inaceitável, quando na verdade não é! Não ter saúde é que é ruim!

Já estou em reeducação alimentar a algum tempo, com idas e vindas, mas sempre evoluindo. E a partir de hoje eu decidi não mais criticar a mim mesma tão pejorativamente. Ter compaixão e caridade comigo mesma para que ela tenha um exemplo real de aceitação.

Eu quero emagrecer, ainda não sou capaz de aceitar meu corpo gordo. Existem questões emocionais maiores que as estéticas! Mas eu não quero ser aquela que ensina a odiar. Nem aos outros e nem a si mesma!

Que tenhamos mais amor e paciência conosco e que consigamos fazer nossos filhos amarem e respeitarem a todos!

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