Esses questionamentos já passaram pela minha cabeça e é recorrente com mães que eu converso e que lidam com dificuldades na educação de um filho autista.
Aqui em casa criamos somente uma criança. Que além de criança é autista. Que além de autista tem altas habilidades. Dentro desse pequeno ser de 8 anos, mora uma personalidade rígida e que tem uma idade cognitiva diferente da idade cronológica. Ou seja, se acha mais capaz do que realmente é e não aceita nenhum tipo de ajuda ou ordem que não faça sentido pra ela.
Não é uma tarefa fácil, pois ela se sente infantilizada e comandada o tempo todo e pra ela é difícil aceitar que alguém “mande” nela. Mas as ordens são coisas do dia a dia, como ir tomar banho ou hora de ir almoçar. As pequenas frustrações geram grandes crises e muitas delas saem do controle.
Fato é que nós, enquanto adultos, queremos dominar essa relação, pois a obrigação de educar é nossa. É dificílimo quando nos deparamos com uma criança que questiona nossas ordens e não cumpre os 255 combinados feitos e refeitos. E sim, é preciso agir e educar.
Agora respondendo às perguntas do início…
Não, você não vai abaixar a cabeça e nem dar o braço a torcer! Você vai dar um tempo na discussão e retomar quando estiverem mais calmos. Porque nesse momento nem ela tem capacidade de ser educada e nem você tem capacidade de educar. Essa discussão não é uma disputa onde um ganha e o outro perde. Então ninguém deve abaixar a cabeça para ninguém. Volte quando a raiva não estiver no comando.
Foi isso que aprendi cuidando da minha filha 24 horas por dia. Todas as vezes que tentei educar nervosa e com raiva eu fiz coisas das quais me arrependi.
Não é vergonhoso dar um tempo e retomar quando estiver mais calma. Isso não é sinônimo de fraqueza, é sinônimo de respeito pela criança. Não se envergonhe de criar com respeito!
A gente educa nos momentos de calma e conexão, jamais na hora da raiva. Quando a gente encara esse relacionamento como uma disputa, ninguém ganha.
Eu sei que a educação de uma criança autista tem muitas dificuldades. Muitas vezes a gente se sente manipulada, pois as crises parecem fugas (e as vezes são mesmo). Mas tem que ser encarado como uma comportamento a ser melhorado. Taxar a criança como manipuladora não é o caminho certo, pois existe uma dificuldade cognitiva de lidar com a frustração que é real.
Para o autista as frustrações podem gerar crises grandes, mesmo que para você seja uma bobagem. Não é questão de escolha, o cérebro simplesmente não funciona como o nosso e tem uma reação diferenciada. A criança não tem controle quanto a isso.
É preciso trabalhar a flexibilidade cognitiva! Mas como? Com terapias multidisciplinares e profissionais capacitados. Não é pra você fazer tudo sozinha ou lidar com isso da forma que achar que deve. É necessário suporte profissional e também estudo e dedicação dos pais.
A família é o primeiro lugar onde o autista precisa ser respeitado! Todos devem zelar pela educação respeitosa. Eu tenho como premissa que o adulto que não está em condições de educar no momento, deve ser avisado para que não tenha atitudes das quais pode se arrepender.
Retire-se da cena se você sente que vai perder o controle. Alguns minutos para se acalmar já são suficientes para voltar e resolver uma situação estressante. Se colocar no seu lugar de adulto responsável e não de adversária do seu filho.
E fique em paz nos momentos que perder a paciência. Somos humanas! Apesar de muitos acharem, não somos guerreiras que suportamos tudo sem nos perder um pouco. O que importa é seguir o plano de compreender os momentos de impasse e fazer melhor na próxima vez.
Deixem nos comentários o que vocês pensam sobre isso!
Um abraço!
Simone
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