Hoje venho com um assunto muito polêmico e que divide opiniões, embora não devesse.
Nós, enquanto sociedade, naturalizamos a violência de tal forma que quando ela é voltada para a criança, chamamos de educar. Mas não é bem por aí.
Quando eu não era mãe eu tinha inúmeros julgamentos (típico né?) e um deles era o julgamento da criança sem educação que não levou uns tapas para aprender. Além de eu não saber como funcionava o cérebro da criança, eu ainda era a favor de agredi-la.
Mas a gente tá no mundo para aprender e evoluir. E eu evoluí!
Ainda grávida eu entendi que bater com a desculpa de educar é agressão e já entrei na maternidade com a convicção de que jamais bateria na minha filha. Porém, a maternidade nos reserva muitas surpresas e, de fato eu nunca bati, mas já usei outros tipos de agressão, como gritar e pegar pelo braço. São consideradas agressões mais leves, porém podem deixar marcas profundas também.
Minha virada de mesa foi reconhecer que minhas atitudes não estavam legais. Eu precisava mudar algo em mim, já que a Maria era criança e tinha muitos anos de desafios comportamentais pela frente. Eu busquei ajuda profissional e também teórica. Eu li sobre desenvolvimento infantil, eu comecei a seguir outras mães e profissionais e fui, aos poucos, conseguindo moldar minhas reações quando eu sentia que ia explodir. E estou em constante aprimoramento, porque os desafios são grandes e diários.
E uma das coisas que aprendi nesse processo é que precisamos nomear as nossas atitudes pra que a gente entenda a gravidade delas.
Bater, xingar, pegar pelo braço, ameaçar são agressões sim! Rir de memes violentos, que incitam a agressão ou que humilham crianças é promover a manutenção dessa engrenagem.
Algumas atitudes permitidas com crianças nós jamais teríamos com um adulto! E temos com nossos filhos ou validamos que aconteça com outras crianças, por que as consideramos propriedade.
É difícil admitir! Dói reconhecer que fomos ou que somos agressores dos próprios filhos, mas é a partir daí que conseguimos mudar e não aceitar cometer o mesmo erro.
Eu sei que muita gente relativiza a agressão. A justificativa é que uma palmada não é espancamento. Mas toda criança morta por agressão um dia levou só uma palmadinha. Fora as que sobreviveram e são cheias de traumas.
Então esse argumento não se sustenta! Não existe motivo nenhum para bater em uma criança que não tem maturidade para compreender as coisas. E quando tem maturidade, ainda assim está errado bater com a justificativa de que é para educar. A violência não educa, ela apenas deixa claro a sua falta de controle emocional para lidar com os conflitos.
A maioria das vezes que um adulto recorre à violência é para descontar a sua frustração e raiva por achar que está sendo desrespeitado. Mas vou te contar uma coisa: ache outra via, ache outra forma de conseguir mediar os conflitos. A agressão não pode ser uma opção!
Temos que achar urgentemente um caminho de educação sem violência. Não há como preservar a infância e criar adultos saudáveis sem começar hoje uma educação com mais respeito.
Finalizo esse texto trazendo dados do Anuário de Segurança Pública de 2022, demonstrado a escalada de violência contra criança em 2021.
Um abraço
Simone Rocha 🐞💜
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